Certo dia fui Experimentar uma aula de Crossfit e fiquei Completamente Apaixonado pela Modalidade
Recentemente estive à conversa com o Tiago Machado, atleta e coach de CrossFit. Nesta pequena conversa falamos um pouco sobre as recentes mudanças no Crossfit, os CalisCross Games, etc. Não perca de seguida a entrevista
T.M – Antes de mais foi com alguma surpresa que recebi este convite, no entanto gostaria de agradecer ao Orlando a oportunidade de poder partilhar a minha experiência com vocês.
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P.C – Comecemos pelo início, antes do CrossFit já estavas ligado ao desporto? E como é que o CrossFit entrou na tua vida?
T,M – O desporto sempre esteve presente na minha vida, pratiquei desporto federado dos 9 aos 32 anos, a maior parte deles no basquetebol e também uma época no futebol. Tirei a Licenciatura em Educação Física e Desporto e mais tarde o Mestrado em Ciências do Desporto. Sou professor de Educação física na escola, fui treinador de basquetebol e de futebol, instrutor de atividades de fitness, personal trainer, treinador de calistenia e street workout.
Relativamente ao aparecimento do crossfit na minha vida podemos dizer que este surgiu de uma forma natural. Era um praticante pouco assíduo de musculação, mas mesmo assim a rotina dos treinos de musculação começou a tornar-se enfadonha… foi aí que surgiu a calistenia ou Calisthenics na minha vida. Montei uma barra fixa em casa, comprei umas argolas de ginástica e comecei a treinar apenas com o peso corporal. Rapidamente comecei a evoluir e a verificar que até tinha algum jeito para a coisa. Treinava todos os dias em casa ou em parques infantis e começaram a aparecer pessoas que se foram juntando a mim e fomos formando um grupo de umas 10 pessoas que treinavam de uma forma assídua pelos mais variados parques e sítios da cidade de Vila Real.
Só precisávamos de chão…se houvesse uma arvore ou estrutura para pendurar as argolas…melhor ainda. Mais tarde surgiu a possibilidade abrir um pequeno estúdio, “Calisthenics Addicted: Your Body Is Your Gym” onde comecei a treinar pessoas apenas com exercícios de calistenia. Certo dia fui experimentar uma aula de crossfit e fiquei completamente apaixonado pela modalidade. O estúdio começou a ser pequeno para a procura e aliado a esta nova paixão pela modalidade, decidi abrir a CalisCross Box juntamente com 3 elementos da minha família.
P.C – O que é que te apaixona tanto na modalidade/metodologia?
T,M – O que me apaixona é a variedade dos treinos da modalidade/metodologia e as conquistas diárias, sejam elas de mais 1Kg num PR, de conseguir executar um novo movimento de ginástica, de melhorar 1 segundo num wod, adoro levar o corpo ao limite, a sensação de fadiga, por vezes desespero pós wod e a superação. Acho que a metodologia do crossfit é a mais completa, pois consegues treinar as 10 capacidades físicas de uma forma variada e rápida, porque te torna mais forte física e mentalmente, mais rápido, mais flexível… e te prepara melhor para os desafios que vão surgindo na tua vida diariamente. Vibro com as conquistas diárias dos meus atletas e alunos, sejam elas um pódio numa competição ou conseguirem fazer uma simples pull up. O crossfit muda vidas, por isso é tão belo.
P.C – Nas minhas entrevistas, tento sempre desmistificar a ideia que muitas pessoas ligadas a outros desportos, querem fazer passar. A ideia que o Crossfit é perigoso! Por isso vou-te fazer a pergunta que faço a todos os meus entrevistados. O Crossfit é mesmo perigoso?
T,M – O crossfit é tão perigoso como qualquer outra modalidade, se for executado sem a surpervisão necessária. Se pretendes praticar acho que deves procurar um bom coach, deves privilegiar sempre a técnica em detrimento da carga e não te podes deixar levar pelo teu ego. A maior parte das lesões aparece devido ao nosso ego… ou porque queres fazer Muscle Up e ainda não consegues fazer 5 strict Pull Ups ou porque queres levantar 100 kg de Clean quando ainda não dominas minimamente a técnica, etc. Deves ser paciente, respeitar as progressões, deves passar horas a praticar a técnica de todos os movimentos para que tenhas uma boa base… as cargas e os movimentos mais complexos surgirão de uma forma natural com muito menos risco de lesão.
P.C – Na sequência da pergunta anterior, o CrossFit é mesmo para toda a gente?
T.M – Sim, dos 8 aos 80. Claro terão que existir adaptações a cada individuo mediante a sua faixa etária ou limitações, no entanto pode ser praticado por toda a gente.
P.C – Na tua opinião de coach, e falando de uma forma geral. Quais são as principais dificuldades que notas nos alunos iniciantes de Crossfit, quando chegam à box?
T.M – Existem várias dificuldades, cada aluno é um caso, no entanto penso que a dificuldade mais comum dos alunos iniciantes é a falta de mobilidade.
P.C – Falando agora de um tema que tem gerado muita polémica, desde há mais ou menos dois anos para cá, que a marca CrossFit tem feito muitas mudanças. Mudanças essas que por razões obvias não têm agradado à comunidade do Crossfit a nível mundial, não só cá em Portugal. Já ouvi algumas opiniões que, o CrossFit está a começar a perder aquela magia, que caracterizou a metodologia durante todos estes anos. Qual é a tua opinião sobre estas mudanças?
T.M – Na minha opinião as mudanças que a marca Crossfit tem feito são “más”, apesar de ser mais fácil vermos atletas de vários países a competir nos Crossfit Games, que no modelo antigo de apuramento nunca o conseguiriam, estas surgem apenas por motivos económicos. A marca Crossfit deixa de gastar milhões na organização e logística dos regionais e passam a apurar atletas em eventos que já existiam. Ganham muito mais dinheiro em inscrições porque o número de atletas apurados para os Crossfit Games triplicou, eliminam para metade os atletas após o primeiro wod dos Crossfit Games, quando estes fizeram inúmeros sacrifícios para poder competir nos Crossfit Games. Obrigam os atletas eliminados a comprar bilhete para poder assistir ao resto da competição… etc.
Tudo se resume a “Money”. Acho que a marca Crossfit deveria ter um pouco mais de consideração pelos atletas apurados. Desde já desejo a maior sorte do mundo aos dois atletas portugueses, João Ferreira e Sara Pinto que irão estar presentes em Madison.
P.C – Vamos virar a página para as competições em Portugal, antes de mais quero te dar os parabéns pela competição que organizas que são os CalisCross Games. Quanto a mim uma das melhores em Portugal sem sombra de dúvida! Já há dois anos consecutivos que vou cobrir os CalisCross Games, e este ano lá estarei de novo. Como organizador de eventos e atleta, na tua opinião o que achas que poderia ser melhorado nas nossas competições?
T.M – Antes demais obrigado pelas tuas palavras relativamente aos CalisCross Games e muito obrigado pela tua disponibilidade e colaboração ao longo destes anos.
Todas as competições têm coisas boas e menos boas, e coisas que poderão ser sempre melhoradas. Enquanto atleta quando vou a uma competição procuro sempre encontrar as melhores condições possíveis, e verificar se um determinado aspeto que não correu tão bem no ano anterior foi melhorado neste ano por exemplo. Grande parte das vezes isso acontece e penso que as competições em Portugal, estão cada vez com mais qualidade. No papel de organizador sei que não é fácil organizar uma competição, e que por vezes alguns detalhes ou condicionantes que nos são alheios, dificultam ou obrigam a que não decorram exatamente como tínhamos idealizado.
No entanto é de louvar o crescente número de competições que tem surgido no nosso país, pois permitem que um maior número de atletas se possam desafiar e sentir a adrenalina da competição. Acho que todas as competições devem ter como prioridade melhorar as condições que proporcionam aos atletas, eles são os protagonistas. Não quero deixar de salientar o papel fundamental de todos os juízes, uns verdadeiros heróis, sem eles as competições não existiam.
P.C – Podes levantar um pouco o véu, e revelar algumas coisas sobre os CalisCross Games deste ano? Ou é para manter tudo no segredo dos deuses?
T.M – Posso… Algumas coisas…Não muito… Os CalisCross Games 2019 irão decorrer numa nova localização, de modo a proporcionarmos melhores condições para os atletas e espectadores. Iremos também contar com mais Teams do que na edição do ano passado. Irá ser uma competição igualmente desafiante para todos os atletas, e essencialmente tentaremos melhorar alguns aspetos relativamente às edições anteriores. Como te disse antes, o nosso objetivo é proporcionar cada vez melhores condições para os atletas e público.
Deixo o convite a toda a gente para virem passar um fim de semana agradável a Vila Real nos dias 14 e 15 de setembro e verem em competição alguns dos melhores atletas de crossfit de Portugal e de Espanha.
P.C – Planos para o futuro?
T.M – No futuro iremos tentar tornar os CalisCross Games uma competição de referência no país, procurando sempre crescer e melhorar os aspetos menos positivos de edição para edição, de modo a que todos os atletas saiam de Vila Real satisfeitos e com vontade de voltar nos próximos anos.
P.C – Só me resta agradecer-te o tempo dispensado para termos esta pequena conversa, queres deixar algum conselho/consideração para os leitores do Planeta CrossFit?
T.M – A todos os leitores do planeta crossfit recomendo que aproveitem toda a informação de qualidade das entrevistas e artigos disponível neste blog. Se não praticas crossfit vem experimentar sem medos e receios, toda a comunidade estará de braços abertos para te receber. Se já praticas sê paciente, respeita a metodologia, deixa o teu ego de parte e acima de tudo “ouve” o teu corpo.
Muito Obrigado Orlando por te teres lembrado de mim. Até Setembro.
P.C – Eu é que agradeço a tua disponibilidade para esta pequena conversa, e vemo-nos em Setembro nos CalisCross Games