Entrevista a João Real Atleta e Coach de Crossfit

O Planeta Crossfit esteve à conversa com o João Real, atleta e coach de Crossfit. Nesta pequena conversa, o João revelo-nos um pouco do seu percurso no Crossfit, como vê a modalidade entre outras coisas. Não perca a entrevista já a seguir.

P.C –  Antes de mais obrigado pela tua disponibilidade para esta conversa. Comecemos pelo início, como é que o Crossfit entrou na tua vida?

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J.R – O CrossFit entrou na minha vida sensivelmente em 2012, quando por curiosidade em descobrir e perceber aquele que seria um novo método de treino, uma nova metodologia que despertou rapidamente muito interesse de minha parte.

Tendo como “Mestre” o Diogo Henriques, comecei a devorar todos os Workshops e Bootcamps que na altura ele ia dando. Uma partilha de conhecimento muito boa, novas ideias e uma nova perspectiva de olhar para o mundo do fitness.

Serviu de alavanca para travar grandes amizades com grupo de amigos, que hoje em dia são grandes referencias a nível de CrossFit Nacional.

Acho que aqui, começou por ser o inicio para muitos de nós.

P.C – O que é que te apaixona tanto na modalidade?

J.R – São muitas coisas, e todas com várias perspectivas.

Acho que é um método de treino, uma modalidade que realmente funciona, isto é, são visiveis as melhorias que traz ao dia a dia de qualquer pessoa.

A evolução, o dinamismo, as atitudes, as conquistas, a garra, o querer mais, o hoje ser melhor que ontem, a superação, o bem estar, as amizades, o companheirismo, os valores, a comunidade … tudo englobado numa só palavra, CROSSFIT. Acho que é isso que me faz realmente vibrar com tudo isto, dá-me um gozo tremendo.

P.C –  O Crossfit é a modalidade de fitness do momento, na tua opinião o que é que a torna tão especial. Faço esta pergunta a praticamente todos os meus entrevistados. O Crossfit é mesmo para toda a gente?

Pelo que referi anteriormente, e não acho que seja uma modalidade do momento, acho que já ultrapassamos essa fase … é neste momento uma afirmação com muitas provas dadas.

E sim, sem dúvida que sim, CrossFit é para todos, é uma modalidade que aproxima as pessoas, e não as exclui. Claro que devidamente orientado, mas o propósito é mesmo esse, conseguirmos ter numa turma todos a realizar o mesmo treino. Pessoas com 60/40/20/16 anos sem que sintam que estão fora do contexto, mas sim que se sintam integrados em alguma coisa, com as devidas adaptações a todos os níveis, mas sim todos podem praticar.

Alias já temos algumas Box’s com aulas especificas para crianças, para idosos, ou seja começa a ser cada vez mais abrangente, e ao termos estas aulas “especificas” não estamos a excluir mas sim a direcionar. Ou seja criar condições para que o serviço seja ainda melhor.

P.C –  Falando agora um pouco das competições em Portugal, costumas competir regularmente nos variadíssimos eventos que se vão realizando por cá. Pela tua experiência, o que achas que poderia ser melhorado ao nível das organizações?

J.R – Quase desde que comecei, desde que conheci a modalidade, que entro em competições e tento participar em quase todos os eventos que se foram realizando em Portugal. De volta aos primórdios com o Campeonato Nacional de CrossFit em 2013, e desde a primeira edição dos PromoFit Games em Guimarães. Já muita coisa mudou, todos evoluímos, a modalidade cresceu muito, na altura não tínhamos Box’s para treinar era tudo na base do desenrasque e da tentativa erro.

Hoje em dia o factor tentativa erro, acho que já não funciona, pelo menos já não é tolerável, o mesmo se passa com as competições. Pegando naquela que será um clássico das provas Nacionais, os PromoFit Games, com duas edições anuais e arrancando já para a sua 13ª edição. Pela minha experiência, que participei enquanto atleta em todas as edições, assisti a uma constante evolução, a melhorias, a correções, a tentar ser melhor, a errar de novo, a ouvir feedbacks, a serem receptivos, a serem inovadores, a serem pioneiros e ser surpreendentes.

Erros irá haver sempre, embora a margem para isso seja cada vez menor, acho que estamos num bom caminho. Claro que atualmente há cada vez mais escolha, cada vez maior diversidade e variedade de provas. O que vou percebendo é que quem organiza, quem arrisca agora tem uma base muito mais abrangente para desempenhar um bom trabalho, não caindo nos erros que já foram cometidos.

Nem sempre é fácil, existem inúmeras condicionantes, apoios, patrocínios,  material, staff …mas creio que estamos cada vez melhor em todos os aspectos.

P.C – O que achaste da 1ª edição do No Limits Cross Challenge?

J.R – Conheço o Bruno desde o inicio desta aventura do CrossFit, ele lançou o convite e disse que iria organizar uma coisa engraçada. Um evento descontraído e para nos divertirmos a fazer o que gostamos, certamente que para ajudar a que a 1ª edição fosse um sucesso, ele iria precisar de uma boa moldura humana. Motivei e encorajei todos os meus atletas a participar, e acho que o resultado foi positivo, contribuí com um pedaço dos 200 atletas que se encontraram nesse sábado. Tudo correu lindamente, todos nos divertimos e passamos um bom bocado

P.C –  E como foi competir com um parceiro como o José Ferreira?

J.R – Já conheço o José Ferreira há muito tempo, e nós enquanto coach’s da Alcaides CrossFit decidimos, não só ir orientar os nossos atletas, mas também participar e aproveitar as surpresas que o Bruno tinha preparado para nós.

Como o segredo de qualquer boa dupla é harmonia, foi super tranquilo, super divertido, acho que colmatamos bem as falhas um do outro.

P.C – Já temos muitos atletas de grande nível em Portugal, atletas que competiram nos regionais. E tivemos mesmo uma atleta a competir nos Crossfit Games. Na tua opinião, o que é que falta para termos mais atletas a competir nos Crossfit Games.

J.R – Pelos visto agora muita coisa vai mudar, com o novo formato de apuramento para os Games, mas sinceramente, acho que se trabalha muito bem em Portugal, acho que vamos ser cada vez mais assíduos com presenças em regionais, e estou certo que não será novidade nenhuma termos mais atletas portugueses nos Games num futuro próximo.

P.C – Mudando agora um pouco de assunto, já tenho ouvido que o “espírito de comunidade” desenvolvido pelos CrossFiters é uma utopia. E que na realidade está muito longe do verdadeiro sentido da palavra. O que é que tens a dizer sobre isto?

J.R – Tenho a dizer que CrossFit e Comunidade só funcionam de uma forma, JUNTOS. Para mim existe, faz todo o sentido, eu vi, vivi e senti de perto o crescimento da modalidade. Lembro-me de, no inicio, conhecermos todas as pessoas a nível nacional, ou praticamente todas as pessoas que o faziam. Era brutal e confesso que nessa altura esse sentido de comunidade se fazia sentir, talvez de uma forma mais acentuada. Todos se conheciam, o ambiente de competição, muitas vezes mais parecia um pretexto para estarmos todos juntos de novo, descontraído, de amizade e sem deixar de ser competitivo.

Na altura, era impensável abandonar uma arena sem que todos os atletas tivessem terminado a sua prova, na zona de aquecimento trocávamos impressões sobre como iríamos abordar o wod, partilhávamos material sem receio de ser melhor ou pior.

Não vou mentir e é verdade que hoje em dia já não se assiste muito a isso, infelizmente, mas cabe-nos a nós “os mais antigos” mantermos e transmitirmos esses valores à malta mais nova. Mas não é por isso que a palavra comunidade não faça sentido.

Com o crescimento que tivemos nos últimos 2 anos, com a quantidade de Box’s que abriram, muitos atletas novos, muita mais gente, é normal que haja gente que ainda não conhecemos. É normal que essa relação de amizade já não exista com tanta frequência, mas isso não quer dizer que não haja sentido de Comunidade.

Acho que há sem duvida, algumas MicroComunidades, box’s que interagem de uma forma mais constante, relações mais próximas, e depois temos de uma forma mais global a nossa Comunidade de CrossFit Nacional. Que “no matter what” está lá, temos um exemplo recente, que várias box’s se uniram para dar toda a força ao filho do Carlos Oliveira, Coach da CrossFitLx, não foi preciso pedir. Simplesmente agimos em prol de alguma coisa, acho que acima de tudo precisamos de saber balancear as coisas, e não afirmar que espírito de comunidade é treta.

P.C –  Planos para o futuro

J.R – Bem os meus planos neste momento enquanto atleta, são tentar manter-me em forma, continuar a participar nas provas que conseguir. Tentar manter e acompanhar, a grande evolução que todos os atletas tem tido … fui pai recentemente pela segunda vez, e torna as coisas um bocadinho mais complicadas com dois pequenos a precisarem de atenção e cuidados. O descanso faz falta e por vezes, faz-se o que se consegue com aquilo que se tem, enquanto der … lá estarei para me divertir a fazer aquilo que me dá prazer.

Enquanto Coach evoluir e tentar dar o melhor de mim aos meus atletas.

P.C – Bem só me resta agradecer a tua disponibilidade para termos esta pequena conversa. Queres deixar alguma nota final que aches importante para os leitores do blogue.

J.R – Obrigado eu pela oportunidade de poder partilhar um bocado da minha experiência.

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