Dos Açores a Personal Trainer e Coach de CrossFit
O Planeta CrossFit tem dado a conhecer aos seus leitores o percurso e a história de alguns atletas, e atletas/coachs ligados ao CrossFit nacional. Desta vez estivemos à conversa com o Artur Sayal um dos atletas e coachs mais conhecidos dentro da comunidade CrossFitter nacional. Nesta pequena conversa o Artur Sayal falou-nos um pouco de como o CrossFit entrou na sua vida, e porque é que gosta tanto da modalidade. Não perca já a seguir.
P.C – Como é que o CrossFit entrou na tua vida?
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A.S – Em 2012 já era Personal Trainer (PT) no Fitness Hut das Amoreiras e tinha um pequeno grupo de colegas (Jóni Vilela, Bruno Militão, Jorge Ortiz e Dipanda Vilhena) que treinávamos juntos habitualmente. Na altura o Manager das Amoreiras (Amâncio Santos) e o próprio CEO do Fitness Hut (Nick Cutts) incentivaram-nos a todos juntos a fazer as filmagens de apuramento para os PromoFit Games I. E numa noite de Novembro de 2012 lá fomos nós numa carrinha de 9 lugares até Guimarães ver o que era ao certo isso do CrossFit.
Era tudo novo para nós, siglas HSPU, SDHP, OHS, AMRAP… “O que é isto?”, “como se faz aquilo?” foi um mundo novo.
Depois desse fim-de-semana, arrisco a dizer que para mim e para os meus companheiros de viagem, passámos a ver o mundo do fitness de outra forma.
E hoje digo que já não consigo viver sem o CrossFit.
Após essa experiência, veio a formação de Nível I; Nível II; e tantas outras na área do CrossFit. Abrimos um pequeno espaço de treino (BoxLx) no largo do Rato, após 7 semanas tinha 40 sócios e fomos obrigados a procurar um espaço maior. Foi aí que surgiu a CrossFit Alvalade em Dezembro de 2013 e em Novembro de 2015 abrimos a segunda casa CrossFit Alvalade Oriente.
Hoje continuo a ser PT no Fitness Hut, da mesma forma que em 2012, e coach na CrossFit Alvalade/Oriente.
P.C – Porque é que gostas tanto do CrossFit?
A.S – Posso dar a minha opinião por duas visões distintas: a de praticante, a que sinto na primeira pessoa, e a do profissional, que vê os resultados nos seus alunos/atletas.
Eu desde muito cedo que me lembro de fazer desporto do Judo, à Natação, Futebol, Futsal até ao Triatlo. Em diferentes fases da minha vida sempre procurei ser activo, onde cresci nos Açores todas crianças praticavam um desporto e era muito habitual praticarem 2/3 em simultâneo ao ponto de no mesmo dia terem jogo de Voleibol e Futebol, Natação e Futsal. Então para mim sempre fez sentido fazer desporto. Em 2004 (aos 22 anos) tive uma lesão grave num joelho e tudo mudou. Estive 1 ano em recuperação, fisioterapia, perdi um semestre na faculdade e perdi o balanço que tinha para continuar a carreira de Futebolista. Ainda voltei a fazer Triatlo e Futsal, mas em 2009 com a carga horária e física de instrutor de fitness decidi parar. Em 2012 quando comecei a fazer treinos de CrossFit senti uma vontade enorme de aprender e competir nesta modalidade. E aí estava eu aos 29 anos a aprender a fazer Duplos; Pinos; Pull Ups; Snatch e todo um mundo de movimentos que nem sabia que existiam. Posso dizer que o CrossFit foi uma segunda oportunidade que me foi dada para sentir prazer a fazer desporto, quando já não me sentia minimamente motivado a fazê-lo.
Quanto ao que vejo na evolução dos meus alunos/atletas, posso dizer que os resultados falam por si. De 4/6 treinos por mês sem motivação, passam a fazer 15/20 treinos motivados a evoluir e isso deixa qualquer treinador feliz e satisfeito com o seu trabalho.
P.C – O que é que que o CrossFit tem de diferente dos outros programas de Fitness?
A.S – O CrossFit trouxe para o fitness algo mensurável; observável e repetível, algo que anteriormente pouco se via em programas de fitness. Os resultados de um treino passaram a fazer sentido para os praticantes, podem comparar os seus resultados com outras pessoas ou com eles mesmo em momentos diferentes. Diria que tudo o que o CrossFit colocou ao nosso dispor, já existia, mas de forma desagregada e pouco lógica, talvez até um pouco aleatória e desorganizada, a metodologia permite transformar essa “confusão” em algo planeado e variado, e quando bem aplicada, trás resultados no mínimo iguais aos melhores programas de fitness do Mundo.
P.C – Quais as valências físicas que se podem desenvolver com o CrossFit.
A.S – De uma forma simples a metodologia permite desenvolver 10 capacidades físicas, umas de carís neurológico como: Coordenação; Precisão; Agilidade e Equilíbrio, outras de carís fisiológico como: Resistência Muscular; Resistência Cardio-Respiratória; Força e Flexibilidade e outras duas mais complexas Velocidade e Potência que estão associadas a ambas as áreas.
No fundo a metodologia defende que somos tão mais capazes fisicamente quanto a nossa pior capacidade física, isso implica ser melhor em todas as capacidades, fugindo assim da especialização, pois essa especialização trará prejuízos a médio/longo prazo.
P.C – O que é que dirias aos mais céticos para os convencer a praticar a modalidade?
A.S – Bem, essa é uma pergunta difícil, não porque me faltem argumentos, pois desafio qualquer especialista de qualquer actividade física a tentar demover a minha crença nos princípios base da metodologia. Mas o que vejo muitas vezes é desinformação associada a erros de conceito e confusão entre o CrossFit Desporto com o CrossFit enquanto metodologia.
Mas diria que se dessem uma oportunidade a esta metodologia com um coach competente e não com um curioso, que procurassem um local adequado e que tivessem a certeza de que estavam a experimentar CrossFit, pois infelizmente há muita gente a “comer gato por lebre”.
São os problemas de uma metodologia que cresceu muito rápido e sem qualquer regulação. Infelizmente qualquer um pode acordar amanhã, pega numa barra, num haltere e num cronometro, “3;2;1; GO!!!” e está a fazer CrossFit e a dar treinos de CrossFit, mesmo que não faça a mínima ideia o que é intensidade; volume de treino; anatomia; FC Treino; FC Máx. e estaria aqui o resto da entrevista a explicar o maior problema do CrossFit.
Contudo, se tiverem o critério de escolher alguém com formação e conhecimento absoluto da metodologia, posso garantir que vão tirar muito proveito desta e, de uma vez por todas, vão perceber que não é verdade quando alguém diz que o “CrossFit é perigoso”. Pessoas que continuam a proferir essa afirmação seguramente nunca se deram ao trabalho de comparar números de lesões de CrossFit com lesões em outros desportos tão frequentemente praticados.
Outra coisa que de facto me deixa muito incomodado enquanto profissional de saúde e condição física, é o facto de vivermos num dos países com maior taxa de sedentarismo, maior taxa de obesidade, maior taxa de crianças obesas da Europa e quando surge uma metodologia que está a fazer com que cerca de 8 mil pessoas estejam a treinar diariamente para melhorar a sua condição física, venham “Profissionais” de outras metodologias criticar com falsos argumentos a que mais cresceu nos últimos 4 anos em Portugal sendo actualmente a maior rede de Fitness do Mundo… Enfim, eu prefiro dar os parabéns a qualquer pessoa que amanhã vá fazer uma aula de Step; Yoga; Pilates; CrossFit; Zumba em busca de um estilo de vida saudável do que criticar outras metodologias. Um velho ditado do Marketing que diz que quem está confiante do seu produto, não precisa criticar os restantes. Eu tenho tantas provas, tantas pessoas, tantos resultados que me dizem que o “meu” produto é bom, que até me esqueço que há outros produtos no mercado.
Façam actividade física e sejam felizes!
P.C – Projectos para o Futuro?
A.S – Seguramente que vou continuar como PT no Fitness Hut, gosto do que faço e estou perfeitamente adaptado aquela realidade, conheço a empresa e as pessoas responsáveis.
Como Coach na CrossFit Alvalade/Oriente/… quem sabe Alvalade 3 🙂
A Competitor’s Program, o meu programa de treino para atletas juntamente com o Militão irá completar 2 anos de actividade em Maio e temos perto de 40 atletas, irá continuar a apoiar atletas que queiram competir.
Na Escola Superior de Desporto de Rio Maior irei em 2017/18 continuar a dar o Módulo de CrossTraining, julgo que é a única instituição de ensino superior que tem este módulo para os seus estudantes. Agradeço ao Sr. Diretor e amigo João Moutão e às Professoras Susana Franco e Vera Simões por me terem convidado em 2015. Está a ser muito gratificante voltar à Instituição que me formou e me abriu todas as portas do Fitness em 2002.
Estou actualmente a trabalhar com a BOXPT em alguns projectos de crescimento da marca. Acho que são a empresa certa para fazer a metodologia crescer e tenho contado muito com o apoio de todos.
Está em estudo ter um espaço mensal para escrever, Online ou numa revista, sobre CrossFit.
Irei iniciar-me como Formador de CrossTraining numa conhecida entidade nacional. Nunca escondi o gosto pela área da formação e foi com muito agrado que recebi e aceitei o convite.
E brevemente será anunciada uma parceria com uma empresa de suplementação, que abrirá a porta entre treinadores e o mundo da suplementação, uma vez que era uma ligação por norma associada a espaços e atletas. Iniciamos agora uma nova era onde os treinadores de CrossTraining podem também eles estar ligados ao mundo da suplementação.
Além disto, conto estar presente em todas as provas nacionais, como treinador ou atleta, e seguir de perto tudo o que está a acontecer em Portugal ligado ao CrossFit.
Portanto, acho que para os próximos meses vou estar ocupado 🙂
Bem só me resta te agradecer pela disponibilidade e pela pequena conversa, onde revelas um pouco sobre ti e a tua visão sobre a modalidade. Espero que no futuro possamos voltar a conversar sobre esta modalidade que move paixões um pouco por todo o mundo, e sobre os teus projetos futuros.