Snatch – SOBE, CARAÇAS!!!

Pode parecer um título de um filme explícito ou de um grito de indignação após a toma das pastilhinhas azuis, 1 hora antes do exercício matinal mas, malfadadamente, retrata, apenas, a expressão de desilusão ao efetuar um dos movimentos mais complexos do mundo do CrossFit.

O Snatch, mais conhecido nos EUA, como Snatch, em França, como Snatch, no Tuvalu, por incrível que pareça, como Snatch e em Portugal como “Arranque”, é um movimento de halterofilismo olímpico que consiste em levantar a barra do solo até acima da cabeça sem pausa e sem apoiá-la no corpo.

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A sua execução passa por 6 fases de extrema precisão, elegância, meiguice e graciosidade: Posição inicial; Primeira puxada; Segunda puxada; Terceira puxada, Recepção e Recuperação.

Na posição inicial:

A barra deverá ser colocada horizontalmente em frente das suas pernas.

Os seus ombros deverão estar à frente da barra e acima da linha dos pés.

Olhe em frente, costas retas, peso distribuído uniformemente pela sola dos pés, contraia o abdómen, glúteos, sustenha, por alguns segundos, a habitual propensão para a flatulência e dê início à próxima fase do movimento.

Primeira puxada:

Aqui começa o levantamento em si, enquanto estende os seus joelhos para trás, elevando o tronco, que continua no mesmo angulo em relação ao chão. Isso abre espaço para que a barra seja levantada numa trajetória vertical, com uma pequena inclinação para trás, percorrendo os joelhos, num acto de perícia admirável na aplicação da metodologia secular de curtimento a seco, da pele que protege a tíbia. O seu peso corporal é deslocado para os calcanhares permitindo a maior ativação possível dos músculos posteriores da coxa.

Segunda puxada:

Também chamada de tripla extensão, é o momento que estende seu quadril e joelhos, de maneira arrebatadora impulsionando a barra para cima.

Atenção que este termo poderá provocar alguma obscuridade. Ao contrário do que possa parecer, “tripla extensão”, não implica utilizar os genitais para que o movimento possa fluir naturalmente. Este facto pode até causar efeitos secundários tais como a opressão da masculinidade do atleta, devido ao esborrachar de um, ou dois, testículos ou pela alteração do timbre do som produzido na laringe, pelo ar que sai dos pulmões e da boca.

Se isso acontecer, lembre-se!!! Num próximo eventual ensaio, afaste mais a posição das mãos na barra.

Terceira puxada:

Nessa fase, sem capacidade de poder exercer força contra o chão, utilize a carga levantada como pivô para se agachar rapidamente, receba, estabilize o peso em overhead squat e chame pela sua Mãe.

Recepção:

Ao fim da terceira puxada reconecte-se com o chão estabilizando a barra numa posição de agachamento profundo e reze duas “Avé-Marias”, sete “Pai Nossos” e um “Acto de Confissão”.

Recuperação:

Com a barra segura nos ombros em em cima da cabeça pode passar à posição de extensão total do corpo, com os pés alinhados e libertar toda a flatulência acumulada nas fases anteriores, desde que seja respeitado o perímetro de segurança COVID-19 e o manual de etiqueta de boas maneiras.

Para ocultar algum desconforto sonoro arremate o movimento com um “ARRE-QUE-JÁ-FOSTES-GRANDESSIMA-FILHA-DE-UM-OBJECTO-COMPRIDO-CILÍNDRICO-ENFERRUJADO-E-NÉSCIO!”.

Finalmente, para bater PRs, de uma forma rápida e proveitosa, comece por colocar, pelo menos, 200 Kgs na barra.

Se ela não se mover, deite um pouco de magnésio, espalhe equitativamente pelas suas mãos, pés, cotovelos, sovacos, mamilos e retire 10 kgs da barra.

Se ainda estiver a sentir-se um ligeiramente fraquinho, tome um chá verde, de hibisco e melissa, relaxe 20 segundos, tire mais 10 kgs e continue o processo desta forma sucessiva.

Se só conquistar o movimento, com a barra despida, sem bumpers, não se preocupe. Fica sempre a esperança de que, na próxima tentativa, venha a ter mais sucesso no ballet, nas Damas ou no Birdwatching.

Já sabe… o CrossFit é para todos!!!!

Por: José Miguel Araújo

Crossfitices e cenas

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